quarta-feira, 4 de abril de 2012

MÃE OU PAI (desnecessários)


Tive ao longo de mais de 12 anos o privilégio de acompanhar, junto com minha esposa, adolescentes de nossa comunidade Metodista em nível local, regional e nacional. Nosso trabalho se firmava em aproximação e relacionamento com eles de forma a ajuda-los e a suas famílias na prevenção, proteção e orientação diante dos conflitos dessa faixa etária de tantas “mutações” e isso incluiu meus dois filhos, André e Priscilla, motivo maior de minha vida.
Sempre tratamos esses nossos adolescentes com a estratégia de tentar conduzi-los até onde desejavam chegar, mas em segurança. Isso implicava em dar algumas voltas, pegar alguns atalhos, acampar com eles em algumas colinas da vida, entrar em algumas cavernas para com eles se esconder de algo que os assustava, passar por caminhos sinuosos, como é cansativo e muitas vezes penoso.
Isso porque o adolescente na sua caminhada rumo ao seu objetivo, um simples coelho, um som diferente, um brilho mais reluzente no olhar de alguém o atrai e desvia, ainda que temporariamente de seus alvos.
Nosso pensamento sempre foi o de fazer o papel de “guard rail”, de maneira que na velocidade que esses pimpolhos imprimem em sua caminhada e as curvas e terrenos acidentados que alguns querem trilhar, é imprescindível que a sua estrada tenha dispositivos de orientação e segurança que os impeça de capotar ou cair em algum abismo.
Mas sempre acreditamos que aqueles meninos  e meninas, inclusive nossas joias André e Priscilla, chegariam um dia a possuir habilidade e confiança para conduzir o veículo de suas vidas por si mesmos e em segurança, observando as placas, as faixas delimitadoras de pista, a posição dos “guard rail” deixados por nós ao longo da caminhada com eles e se desviariam menos de seus caminhos seguros por coisas nem sempre importantes para suas vidas.
Vê-los assim independentes, andando pelos seus caminhos e sozinhos, sempre nos deixa um pontinha de angustia, um misto de perda e preocupação pela sua segurança, porque para nós sempre serão nossas crianças.
No meu caso, vivi isso agora quando vi de repente meu primogênito André aos vinte e cinco anos morando sozinho para concluir seus estudos universitários em medicina. Como foi conflituoso, como foi trabalhoso ser menos possessivo, ser mais compreensivo e entender que a boa educação, que os valores cristãos a ele apresentados na sua infância e adolescência, hoje são fundamentos, bases sólidas e seguras para que siga sua vida por caminhos mais estáveis e sem o “guard rail” de seus pais. Não somos mais “necessários”, mas isso não quer dizer que não somos amados ou deixamos de ama-lo.
Ontem recebi de minha sobrinha que carinhosamente chamamos de “Fofa”, um texto que dá o tíitulo a esse nosso MANA DA SEMANA. Ele fala um pouco disso. Há um tempo que nos tornamos “desnecessários”, leia o texto a seguir, mas infelizmente não temos a autoria identificada:
“A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha.
Até agora. Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
Dê a quem você ama:
Asas para voar...
Raízes para voltar...
Motivos para ficar..."
É isso, nesse desafio da vida ao lidarmos com nossos filhos na idade da adolescência é preciso amar, cuidar e agir.
Sempre acreditei que a família é a principal obra de Deus. Que Ele nos conceda sempre sua Graça, sabedoria e força para não desistirmos de nossos filhos e filhas.
Com carinho
Samuel Gomes

Um comentário:

  1. Nobre Amigo, comungo de vossa opinião, pois sendo a familia a principal obra de Deus, podemos concluir que a familia é a base de todos nós, pois é na familia que começa-se a receber todas as virtudes, bem como as mazelas. Por isso familia é tudo!
    Um forte Abraço!
    Que o nosso Senhor Jesus Cristo continue a lhe abençoar!
    Nelio

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