domingo, 18 de dezembro de 2011

FILHOS, PROPRIEDADE OU EMPRÉSTIMO?

Sou de um tempo não muito distante no qual os filhos ao sairem para um passeio, uma festa ou mesmo irem brincar na casa do vizinho, por questões de respeito, segurança, honradez, porque não dizer, medo, nos dirigiamos aos pais para pedir ou lhes informar que

- " pai, mãe, vou.a tal lugar com fulano, beltrano, ciclano e volto a tantas horas ou daqui a tantos minutos, sua benção."

A resposta positiva vinha do outro lado com um sonoro "Deus te abençoe."

Essa resposta para nós era como uma âncora de segurança, pois significava a aprovação deles e a certeza de que naquilo que nos propunhamos fazer não havia dolo ou risco e nas eventualidades sempre presentes nas nossas decisões, poderíamos contar com eles.

Se porventura não tinhamos esse zelo para com eles, eu pelo menos, ao chegar em casa ouvia da saudosa Dona Maria Luiza uma sonora e firme indagação: 

- "Porque você saiu sem abanar o rabo? Ainda não morri viu!"

Isso sem contar que ela ficava acotovelada na janela boa parte do dia ou da noite esperando pelo filho pródigo, ansiando por identifica-lo à distancia e assim, sem demonstrar fraqueza acalmar seu coração pelo nosso retorno.

Os tempos hoje são difíceis. Estou nos meus 5.2 e com dois filhos de 20 e 25 anos, universitários, conscios e responsáveis de suas tomadas de decisão, mas que vez por outra é preciso reorientar.

Mas vejo inúmeros pais ainda iniciando essa jornada e muito me angustia saber, que muito daquilo que vivenciamos se perdeu e nem fumaça daqueles valores, ou para os mais céticos, daqueles costumes se percebe hoje.

Ao contrário, com toda a tecnologia de comunicaçao disponível hoje, pela perda desses valores e uma pseudo autonomia de muitos filhos e permissividade de muitos pais, via de regra o rito de saída é:

-"vazei..., fui..., inté...",

ficando para trás os corações, principalmente maternos, por mais indiferente ou extremamente zelosos que sejam,  carregados de angústia até uma sinalização de suas crias ou heranças,  que lhes acalmem. Há aqueles que mais pragmaticamente, se acalmam com a ausência de notícia ruim.

Prezados pais, futuros pais e avós desse tempo moderno que me leem nessa simples reflexão. Ontem recebi de minha amiga e mãe da Babi, um fragmento de texto escrito por José Saramago onde ele diz:

"Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".
Apesar de preferir acreditar que nossos filhos são herança e falaremos disso em outra oportunidade.

Prezados filhos que certamente também me lêem. Existe uma ordenança bíblica e não quero aqui fazer indução aos aspectos da fé ou ao menos da religiosidade, aliás esse é um daqueles princípios que se esfumaçou também, mas essa ordenança traz consigo uma promessa e diz:

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá." Êxodo 20:12

Isso é prático, é ato e consequencia, experimente!

Outra coisa que sugiro a vocês filhos, é que comecem a desenvolver em vocês a capacidade de se colocar no lugar do outro - pai e mãe - quando de sua tomada de decisão.

Quando mais jovem, tive certa vez a oportunidade de ser introduzido nas drogas pelo meu "bando de amigos" e me fortalecer perante eles, mas graças a Deus que, num lapso de consciencia me perguntei naquele momento: "como minha mãe receberia essa noticia? " Felizmente me safei e escutei do "bando":

- "Você sabe que papagaio falador morre cedo, né?"

Ainda bem sempre fui um papagaio muito calado. (risos)

Sempre afirmei e afirmo que creio no ser humano. Já tive inúmeras decepções. Mas, quando descrer disso avalio que não estarei apto a me relacionar com a sociedade dos homens e portanto, viver.

Daí, avalio que essas nossas breves, simples e nem sempre regulares reflexões podem nos levar, vez por outra, permitir que uma estrela do mar seja recolhida da areia da praia e devolvida ao seu habitat para dele desfrutar de suas belezas e riquezas.

Uma ótima semana, deguste, partilhe seu MANÁ DA SEMANA!

 Com carinho,

Samuel Gomes

 * desculpem alguns erros de grafia que possam ser identificados. Uso uma versão de teclado original americano e até o vencimento da garantia teremos de conviver com elas, mas prometo minimizar isso.